domingo, 28 de março de 2010

A saudade fala português

Quando estive na Itália, recebi de minha mãe um texto que falava sobre saudades. E, como hoje estou assim, tão nostálgica, fui redescobrir esse texto lá na comunidade do orkut "Brasileiros em Milão", num tópico que eu criei para dividir o texto com a galera, que assim como eu, estava longe da sua terra e da sua gente. Agora, 1 ano e 2 meses depois da data que fiz a postagem, a saudade é da terra e do povo de lá, e portanto, está aí o texto:





"Eu tenho saudades de tudo que marcou a minha vida
Quando vejo retratos, quando sinto cheiros,
Quando escuto uma voz, quando me lembro do passado,
Eu sinto saudades...

Sinto saudades de amigos que nunca mais vi,
De pessoas com quem não mais falei ou cruzei...
Sinto saudades da minha infância,
Do meu primeiro amor, do meu segundo, do terceiro,
Do penúltimo, e daqueles que ainda vou vir a ter,
Se Deus quiser...

Sinto saudades do presente, que não aproveitei de todo,
Lembrando do passado e apostando no futuro...
Sinto saudades do futuro, que se idealizado,
Provavelmente não será do jeito que eu penso que vai ser...

Sinto saudades de quem me deixou e de quem eu deixei,
De quem disse que viria e nem apareceu;
De quem apareceu correndo, sem tempo de me conhecer direito,
De quem nunca vou ter a oportunidade de conhecer.

Sinto saudades dos que se foram
E de quem não me despedi direito,
Daqueles que não tiveram como me dizer adeus;
De gente que passou na calçada contrária da minha vida
E que só enxerguei de vislumbre;
De coisas que eu tive e de outras que não tive, mas quis muito ter;
De coisas que nem sei como existiram, mas que se soubesse,
De certo gostaria de experimentar;

Quantas vezes tenho vontade de encontrar não sei o que,
Não sei aonde,
Para resgatar alguma coisa que nem sei o que é
E nem onde perdi...

Vejo o mundo girando e penso que poderia estar
Sentindo saudades em japonês,
Em russo, em italiano, em inglês,
Mas que minha saudade,
Por eu ter nascido brasileira,
Só fala português.Embora, lá no fundo, possa ser poliglota.

Aliás, dizem que se costuma usar sempre a língua pátria,
Espontaneamente, quando estamos desesperados,
Para contar dinheiro, fazer amor e declarar sentimentos fortes,
Seja lá em que lugar do mundo estejamos.
Eu acredito que um simples "I miss you",
Ou seja, lá como possamos traduzir saudade
Em outra língua, nunca terá a mesma força
E significado da nossa palavrinha.

Talvez não exprima, corretamente,
A imensa falta que sentimos de coisas ou pessoas queridas.

E é por isso que eu tenho mais saudades...
Porque encontrei uma palavra para usar
Todas as vezes que sinto este aperto no peito,
Meio nostálgico meio gostoso,
Mas que funciona melhor do que um sinal vital
Quando se quer falar de vida e de sentimentos.

Ela é a prova inequívoca de que somos sensíveis,
De que amamos muito do que tivemos e lamentamos as coisas boas
Que perdemos ao longo da nossa existência...

Sentir saudade é sinal de que se está vivo! 

(desconheço a autoria)

Um pouco do que chamo "liberdade"

"Pessoas com vidas interessantes não têm fricote. Elas trocam de cidade. Investem em projetos sem garantia. Interessam-se por gente que é o oposto delas. Pedem demissão sem ter outro emprego em vista. Aceitam um convite para fazer o que nunca fizeram. Estão dispostas a mudar de cor preferida, de prato predileto. Começam do zero inúmeras vezes. Não se assustam com a passagem do tempo. Sobem no palco, tosam o cabelo, fazem loucuras por amor, compram passagens só de ida"

(Martha Medeiros)

Você aguentaria conhecer minha verdade?


''Minha bagunça mora aqui dentro, pensamentos entram e saem,
nunca sei aonde fui parar... mas uma coisa eu digo: eu não paro.
Perco o rumo, ralo o joelho, quebro o tornozelo, bato de frente com a cara na porta.
Sei aonde quero chegar, mesmo sem saber como. Sempre me pergunto quanto falta,
se está perto, com que letra começa, se vai ter fim, se vai dar certo...
sempre pergunto se você está feliz, se eu estou linda, se eu vou ganhar estrelinha, se eu posso levar pra casa, se eu posso te levar pra mim... Não tem saída, eu sou assim...
Não gosto de meias palavras, de gente morna, nem de amar em silencio.
Aprendi que palavra é igual oração: tem que ser inteira, caso contrário, perde a força.
E força não há de faltar porque aqui dentro eu carrego o meu mundo.
Sou menina levada, sou criança crescida com contas para pagar.
E mesmo pequena, não deixo de crescer.
Trabalho igual gente grande, fico séria, traço metas.
Mas quando chega a hora do recreio, aí vou eu...
Escrevo escondido, faço manha, tomo suco na caixa, choro quando dói,
choro quando não dói. E eu amo. Amo igual criança. Amo com os olhos vidrados.
Amo com todas as letras. AMO. Sem restrições. Sem medo. Sem frases cortadas. Sem censura.

Quer me entender? Não precisa. Quer me fazer feliz?
Me dá um chocolate branco, um bilhete, um brinde que você ganhou e não gostou, uma mentira bonita pra me fazer sonhar. Não importa.
Todo dia é dia de ser criança e criança não liga pra preço, pra laço de fita e cartão com relevo. Criança gosta mesmo é de beijo, abraço e surpresa!(E eu como boa criança que sou quero mais é rasgar o pacote!)
Ah, quer saber o que eu penso? Você aguentaria conhecer minha verdade?
Pois tome. Prove. Sinta. Eu tenho preguiça de quem não comete erros.
Tenho profundo sono de quem prefere o morno. Eu gosto do risco. Dos que arriscam. Tenho admiração nata por quem segue o coração. Eu acredito nas pessoas livres. Liberdade de ser. Coragem boa de se mostrar. Dar a cara a tapa!
Ser louca, estranha, linda, chata! Eu sou assim. Tenho um milhão de defeitos.
Sou viciada em gente, mas também adoro ficar sozinha.
Eu vivo para sentir. Sou intensa, exagerada, atrevida, curiosa, doce, ácida, livre, solta... tenho milhões de reticencias e gosto de pessoas não-acabadas...”

(desconheço a autoria)

segunda-feira, 15 de março de 2010

Quem? Onde?


Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou? Ser o que penso? Mas penso tanta coisa! E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos! (...) (Fernando Pessoa)


Começo meu blog com esse trecho de Tabacaria, de Fernando Pessoa.
A eterna duvida...






Introdução de 1 ano atrás (não publicada) quando criei o blog.
Que curioso. Será o mês de março o mês dos inícios?
(Sei que é o mês que mais tem aniversariantes. Aniversário, nascimento... é, acho que sim)

Março de 2009: tentava eu postar algo por aqui, fui de Tabacaria (Fernando Pessoa), e que tipo de mensagem estava tentando passar? Algo do tipo "quem sou eu?"

Março de 2010: venho para uma outra inauguração (?) e posto Pra rua me levar (Ana Carolina).
Que tipo de mensagem estou tentando passar agora? Algo do tipo "pra onde que eu vou?"

Me senti um ponto de interrogação ambulante agora.

Não é que eu não saiba quem sou. Sei sim. Mas é que a cada dia vou me redescobrindo.
Conhecendo novos eus de eu mesma. As vezes, são eus interessantes, outras vezes nem tanto. Não vou descrevê-los porque não curto muito isso de autodescrição detalhada. E talvez porque nem interesse a você que lê estas linhas. (Mas, se caso queira saber... descubra nas entrelinhas que fica muito mais interessante.)
Também não gosto de definições. Os eus de todo mundo são tão complexos. Para que limitar?
Eu talvez nunca queira descobrir as respostas para estas duas indagações.
Gosto de me descobrir e me inventar. E, pelo menos por enquanto, curto isso de não ter um ponto fixo, uma rota determinada.
Minha experiencia de 2008/2009 foi tão "eu".
Estou aqui, mas em 2 semanas estava do outro lado do oceano.
Foi maravilhoso, e não tanto pelo fato de estar lá, mas pelo fato de poder ir lá.
Sentiu a diferença? Eu senti. O nome? Liberdade. Desejo incontestável de todo ser vivo.

(mas isso é assunto para outro post)

e para onde eu vou? Vou deixar a rua me levar...

Elaine

Outro tempo começou pra mim agora




Pra rua me levar

Não vou viver como alguém que só espera um novo amor
Há outras coisas no caminho aonde eu vou
As vezes ando só, trocando passos com a solidão
Momentos que são meus e que não abro mão
Já sei olhar o rio por onde a vida passa
Sem me precipitar e nem perder a hora
Escuto no silêncio que há em mim e basta
Outro tempo começou pra mim agora
Vou deixar a rua me levar
Ver a cidade se acender
A lua vai banhar esse lugar
E eu vou lembrar você

É... mas tenho ainda muita coisa pra arrumar
Promessas que me fiz e que ainda não cumpri
Palavras me aguardam o tempo exato pra falar
Coisas minhas, talvez você nem queira ouvir
Já sei olhar o rio por onde a vida passa
Sem me precipitar e nem perder a hora
Escuto no silêncio que há em mim e basta
Outro tempo começou pra mim agora
Vou deixar a rua me levar
Ver a cidade se acender
A lua vai banhar esse lugar
E eu vou lembrar você...

(Composição: Ana Carolina / Totonho Villeroy)